A VELHA AZINHEIRA
No local mais ermo do montado
Uma azinheira já velhinha e isolada
Recordava aquele tempo de ceifeiras
Da terra que era rasgada pelo arado
E o almocreve que na carroça cantava
Quando levava as espigas para a eira
Recordava a primavera que chegava
Numa planície que era verde das searas
Salpicada do vermelho das papoilas
E lembrava aquele grupo que cantava
Com recados disfarçados nas palavras
Que destinavam às pretendidas moçoilas
Hoje, a velha azinheira, só, meio despida
Já não tem o porte altivo do outrora
E não mais foi o abrigo de ganhões
Mas continua como uma memória viva
Desse Alentejo que recordo a toda a hora
Numa saudade que não se prende a razões
XICO MENDES
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