O PASTOR

Trazia no alforge o saber de muita vida
Tinha muito verão no rosto queimado
E um olhar que sorria com bonomia.
Cobria com colete a camisa envelhecida
E o chapéu que desbotou, de tão usado
Era tão velho quanto os “safões”que vestia

Essa imagem do pastor que descrevi
É o passado que desperta a nostalgia
É a memória que me fala do passado
É um regresso a essa terra onde vivi
É a planície onde o pastor então se via
De olhar atento e apoiado no cajado

Era o pastor que nas noites de invernia
Só tinha a velha “choça” como abrigo
Após o aconchego das migas azeitadas.
Era o homem que cansado adormecia
Mas despertava se sentia algum perigo
E se o cão amigo ladrava na malhada

Estas imagens que me fazem recordar
Essa terra quente em que nasce o pão
Terra de gente de nunca torcer
São memórias que gosto de visitar
Porque nelas renovo essa paixão
Por esse Alentejo que me viu nascer
XICO MENDES
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