MEMÓRIAS
Era um Inverno frio
O rigor de um Dezembro que nascia
Um tempo de lareira a crepitar
Uma luz mortiça num pavio
Que na lanterna de petróleo mal ardia
E era um rádio que falava sem parar
Era o calor do lume a aconchegar
Com o azinho a arder em fogo lento
E uma prosa já gasta no serão
Era a avó em sobressalto a despertar
Com o barulho provocado pelo vento
Que batia impiedoso no portão
Era o inverno do meu amanhecer
O inverno que sabe bem recordar
Esse sabor dos meus tempos de criança
A noite fria que me deixava adormecer
Com a samarra do avô a aconchegar
Os sonhos dessas noites da infância
XICO MENDES
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