MEDO

Canto… mas o canto não me anima
Tenho receio, confesso, tenho receio
E o medo canta sempre em alta voz!
Já vejo lá em cima as aves de rapina
Que do desespero já sentem o cheiro
E acometem quando estamos sós

Os abutres já se aprestam a descer
O povo, ferido, já está fragilizado
E as forças já começam a faltar
Mas, se a esperança não pode morrer
Já é tempo de sonharmos acordados
Porque o sonho, esse, não podem matar!

Nesse sonho eu vejo a minha terra
Com a semente de Abril já germinada
Vejo a força de um povo renascido
Um povo em paz que faz a guerra
E vejo os abutres já em debandada
Pela raiva do meu sonho perseguidos!
XICO MENDES
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